terça-feira, 10 de janeiro de 2012

TIL HONORATO "IN MEMORIAN"

São José de Espinharas e a Poesia amanheceram de luto neste sábado, 07 de Janeiro de 2012. Aos 93 anos de idade, faleceu o grande poeta da nossa terra: Francisco Fernandes de Medeiros, popularmente conhecido por TIL HONORATO. Ele nasceu na vizinha cidade de Ipueira-RN, de onde veio para engrandecer nossa terra, e onde também foi sepultado.
No sítio Tijolos morou, trabalhou, criou e educou sua família. Era um pai exemplar, acima de tudo, probo e trabalhador.
Quando eu apresentava o programa dominical "Amanhecer no Sertão", na radio Serra Bonita FM - 104,9, ele ia declamar suas belas poesias. Foram muitas: Mundo de Hoje, Amor de Mãe, etc. O que mais me emocionava era que quando eu não podia ir apresentar o programa, ele também não comparecia na radio. Para minha tristeza, na última vez em que o visitei ele não conseguiu me reconhecer por causa da cegueira que o acometeu.
Tenho certeza que o paraíso ganhou mais um artista que se juntou a outros como Luiz Gonzaga, Lindú do Trio Nordestino, Sivuca, Patativa do Assaré, etc, e que elevou com muita honra o nome da nossa Espinharas.
Em sua homenagem, segue o que para mim é a mais bela poesia matuta que conheço.
Descanse em paz POETA!

MUNDO DE HOJE
(Til Honorato)

No tempo de meus avós
Se falava de avião
De radio e televisão
Tudo isso veio após
Hoje no mundo de nós
Tem coisas materiais
Moça pelada e rapaz
Vão à praia se banhar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

Antigamente não se via
Carro correndo na pista
Mulher pelada em revista
Como se vê hoje em dia
Ai, meu Deus, como eu queria
Ser dos meios sociais
Pra pular nos carnavais
E meu corpo rebolar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

Antigamente a donzela
Vivia prisioneira
Namorava a vida inteira
Ninguém dava um beijo nela
Se namorasse na janela
Era longe do rapaz
Cada um muito sagaz
Com medo de alguém contar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

Antigamente a doutrina
Foi respeito da Igreja
E hoje a revista veja
Muita coisa discrimina
O padre usava batina
E hoje não usa mais
Coisa errada o padre faz
Ninguém vai lhe reclamar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

Moça sai, farra e banquete
Onde chega manda brasa
Tem delas que só se casa
Quando cai do tamborete
É o maior tirinete
Da moça com o rapaz
Chega em casa diz aos pais
Passei a noite brincando
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais


Meu sentimento foi profundo
Quando eu avistei na tela
Mulher pelada em novela
Dando sopa a todo mundo
Pensei ali num segundo
Naqueles tempos atrás
Quando morreram meus pais
Nada puderam alcançar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

Moça hoje quando dança
Só dança daquele jeito
Se agarra com o sujeito
Só dança esfregando a pança
A noite inteira e não cansa
Sem se largar do rapaz
Ela só se satisfaz
Se o rapaz lhe machucar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

Quem morreu na época passada
Perdeu toda esperança
Morreu e não viu a dança
Que se chama de lambada
Uma moça apaixonada
Se abraçar com um rapaz
O manejo que ela faz
Deixa muito a desejar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

O que gente vê pela rua
Tem coisa tão imoral
A moça de fio dental
Desfilando quase nua
Mostrando a beleza sua
Para os ricos maiorais
E aos próprios marginais
Que vivem de seqüestrar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

Moça hoje pra dançar
Vai na banca e toma um gole
Pra seu corpo ficar mole
E poder se rebolar
Seu nome vai circular
Nas revistas e nos jornais
Se enche de amor e paz
Vai ao motel repousar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

Moça não quer dança frouxa
Só quer dançar bem ligada
Se for besta o camarada
Ela lhe chama de trouxa
Se liga coxa com coxa
Menga pra diante e para traz
Ainda diz ao rapaz
Esfregue pra me esquentar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

Mandei fazer uma roupa
Fui uma festa na praça
A velhice me ameaça
Lá andei de perna tropa
Uma mulher dando sopa
Conhece pelos sinais
Ela com gosto de gás
Me chamou para brincar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

Fui tomar banho na praia
Com um velho da minha rua
Ele viu uma nega nua
Na areia cor de cambraia
Ela tirou a mini saia
O velho caiu para traz
Disse me pegue rapaz
Se não eu vou me acabar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

Depois que o velho tornou
Chegou outra nega boa
Que as coxa pesava uma arroba
E com o velho se agarrou
O velho aí se lembrou
Do seu tempo de rapaz
E disse agora o satanás
Lembrou-se de me ajudar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

A nega ficou se abrindo
Com a bunda descoberta
O velho de boca aberta
Olhando e a baba caindo
Eu dizia a seu Arlindo
Óia o jeito que ela faz
O velho perdeu a paz
Daí começou gritar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

Fui com Francisco Cambraia
Passear em João Pessoa
Quem quiser ver coisa boa
Vá tomar banho de praia
As negas pulando na praia
Dando seus saltos mortais
Junto com seus bacanais
Faz o velho se enforcar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

Eu nasci antigamente
Quando o mundo não prestava
Dia e noite eu trabalhava
Ninguém era independente
Hoje em dia nossa gente
Sai daqui, vai pra Goiás
São Paulo e Minas Gerais
Aqui ninguém quer ficar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

No tempo que eu era vivo
Nosso mundo não prestava
Nem se quer eu estudava
Vivia como cativo
Tudo a mim foi negativo
Naqueles tempos feudais
Morando com os marajás
Lutando pra me acabar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não prestava mais

O pobre negro sofria
Na mão do rico cruel
Mas a princesa Izabel
Lhe deu carta de alforria
Assim o outro vivia
Dando suspiros e ais
Negro hoje tem cartaz
E assume qualquer lugar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais

Admirei Tiradentes
Sonhando com a liberdade
Pra que esta humanidade
Um dia fosse independente
Morreu pela nossa gente
Forte como ferrabrás
Preso em Minas Gerais
Morreu não quis se humilhar
O mundo só veio prestar
Depois que eu não presto mais.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Aécio - 1993



Mais um disco de Aécio, desta vez um LP gravado em 1993.
Aécio é um grande forrozeiro que passou pelos 3 do Nordeste, de 1987 a 1991.

Músicas do disco:

01. Pout-pourri
  • Vamos Brincar de Rodas (Zinho – Parafuso)
  • Tá Queimando Pra Daná (Pinto do Acordeon)
  • Coração Parando (Zinho – M. Vidal)
  • Carinhoso Amor (Agripino Aroeira – Rosilda Santos)
02. Surpresa (Pinto do Acordeon – Aécio)
03. Minha Origem (Pinto do Acordeon)
04. Você Me Machucou (Kim de Olixandre Araújo)
05. Forró do Varandão (Aécio – Josemar – Zé Nilton)
06. Diz Pra Mim (Paulinho)
07. Vem Vem Moreninha (Rosinha – Polyesse – Anderson)
08. O Melhor Forró (Paulo Pedroza – Aécio)
09. Rosinha Indiferente (Agripino Aroeira – Rosilda Santos)
10. Pode Cochilar (José Gomes – Joás)

Para baixar este disco clique aqui.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Aécio Flávio - 2002

Vamos começar 2012 com mais um disco de Aécio. Gravado em 2002, temos mais um excelente disco deste forrozeiro, com participação especial de Assisão e Pinto do Acordeon.

Músicas do disco:

01 – Te Confessar (Josélio)
02 – Chuva Miúda (Assisão)
03 – Meu Maior Desejo (Pinto do Acordeon)
04 – Quase Morri de Amor (Capilé – Nino)
05 – O Teu Amor Sou Eu (Zinho – Zezinho Preá)
06 – Jeito de Amor (Edmar Miguel)
07 – Ai Que Saudade d´Ocê (Vital Farias)
08 – Louca de Paixão (Pinto do Acordeon)
09 – Coração Malvado (Pinto do Acordeon)
10 – Haja Coração (Capilé – Nino)
11 – Pegando Estrada (Pinto do Acordeon)
12 – Regresso (Pinto do Acordeon)

Para baixar este disco clique aqui .